Hoje no dia internacional do brincar! Brinquem! Brinquem muito! Divirtam-se ao máximo!
Podemos referir que brincar é desenvolver qualquer atividade que seja empreendida de forma voluntaria apenas pelo prazer que proporciona. Neste sentido, não existem objetivos finais a não ser o próprio ato de brincar, de se divertir! Contudo, atenção porque as implicações para o desenvolvimento da criança que brinca vão muito além da simples distração ou divertimento. Vygotsky afirmava que quando as crianças estão empenhadas em brincar é exatamente o momento em que estão mais próximas do seu nível desenvolvimento ideal. As diferentes variedades de brincadeiras, bem como a multiplicidade de contextos em que estas ocorrem, permitem identificar múltiplas aquisições essenciais para o desenvolvimento da criança. Ao brincar as crianças desenvolvem áreas como a cognição, sócio-emocional, motora e linguística.
Durante a brincadeira a criança envolve-se em tarefas cognitivas que exigem realizar escolhas, direcionar a actividade, manipular objectos, adquirir novos conceitos, gerir emoções, desenvolver o pensamento lógico e abstrato… Já pensaram como tudo isto é essencial? Já perceberam que durante a brincadeira desenvolvemos competências de resolução de problemas, nomeadamente, através de tentativas-erro? Que ao brincar estamos a estimular o crescimento e controlo dos sistemas sensoriais e musculares, particularmente pela repetição e sequenciação dos movimentos que estabelecem padrões neuronais para uso futuro? Que ao brincar é exigido à criança o domínio de características pessoais como motivação e persistência?
Estudos relatam que, por exemplo, se as competências/características como a perseverança e persistência não forem hábitos de brincadeiras associadas à satisfação, é pouco provável que se desenvolvam em tarefas de trabalho escolar futuro. Associado a este aspeto referem que o brincar está também relacionado com a experiência emocional da criança, por um lado pela interação social que promove por outro, pela expressão de emoções que associa, o que promove a aprendizagem da necessidade de as saber controlar e, obviamente, adquirir as diferentes regras sociais que lhes serão exigidas no futuro.
Para finalizar não podemos deixar de referir que as áreas da linguagem são recursos essenciais e partes integrantes as longo das diferentes brincadeiras. O brincar permite a experimentação de sons, entoação, ritmo, verdadeiros jogos de palavras. Pensemos, por exemplo, na relação que existe entre o faz-de-conta e a linguagem. Quando a criança está envolvida numa dinâmica de jogo imaginativo ela “pensa” em voz alta, ela é capaz de se ouvir, de praticar novas palavras/conceitos, aumentar o seu vocabulário, estruturar frases, assumir papeis e funções… Este jogo também lhe permite a representação mental do mundo, simular situações e dinâmicas, assumir papeis, perceber que os brinquedos não são réplicas exatas do mundo real mas que não deixam de poder sê-lo no seu imaginário.
É esta manipulação mental que permitirá à criança abrir portas para um pensamento flexível, abstrato e, cada vez mais, complexo.
Deixamos algumas ideias para esta semana:
- Imagine situações diferentes e simulem uma ida às compras, uma ida ao médico;
- Leiam um livro em conjunto, façam vozes das diferentes personagens;
- Vão para a praia brincar, façam ginástica em conjunto, construam um castelo, uma cidade…
- Em casa façam do vosso corredor uma pista de corrida de carros. Quem irá ganhar?
- Brinquem na hora do banho, imaginem um ataque de tubarão e o salvamento da equipa de mergulho.
Tudo é possível, basta dar asas à imaginação e voltar a ser criança e a sentir a magia do brincar!
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