Importância da Terapia da Fala em contexto empresarial em Portugal

Maria do Carmo Carrasco - Portugal
Terapia Empresarial

Maria do Carmo Carrasco ministra cursos em Portugal e fala sobre o segredo da boa comunicação

(Adaptação: MundoLusiada)

“Por Ingrid Morais

“O Meio é a Mensagem”, já dizia Marshall McLuhan em sua obra-prima Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem. O que ele quis dizer é que os suportes da comunicação e as tecnologias são determinantes na mensagem: os conteúdos modificam-se em função dos meios que os veiculam.

Após décadas da publicação de sua obra, a comunicação nunca esteve tão em alta em tempos de redes sociais! E para falar sobre sua importância e como torná-la mais eficaz, entrevistamos Maria do Carmo Carrasco.

Maria do Carmo Carrasco é Fonoaudióloga Forense, Empresarial e Ocupacional; Mestre em Distúrbios de Comunicação pela PUC/SP; Docente da Escola Superior de Advocacia – OAB/SP nos cursos de especialização, entre eles, Propriedade Intelectual, Direito do Entretenimento e Mídia e AASP nas áreas de comunicação, didática e metodologia de pesquisa; CEO de Comunicação Corporativa e Desenvolvimento Profissional do Cop Consultoria; Consultora em Comunicação, Marketing Digital, Gestão e Marketing Jurídico; Personal Communication Trainer – Mentory Vocal e Comunicacional; Visagista e Consultora de Estilo e Imagem; Media Trainer para Assessorias de Comunicação e Porta-vozes; Perita em Comunicação Humana e Doenças Ocupacionais.

 

 

Mundo Lusíada – O idioma é a principal ferramenta em uma comunicação. Como você enxerga a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa, que pretende unificar nosso idioma e promovê-lo no mundo, facilitando principalmente o intercâmbio cultural entre as nações lusófonas?

Maria do Carmo Carrasco – Sabemos da existência de algumas divergências em relação à formalização das regras ortográficas. A ideia é ter em mente principalmente os pontos positivos, os quais estão relacionados com a facilitação do entendimento da língua, do incentivo ao lado comercial, da aproximação dos profissionais e dos países. No entanto, alguns aspectos merecem cuidados, como por exemplo, valorizar o histórico antes da nova regra ortográfica. O processo de ensino e aprendizagem é mais facilitado porque tem um histórico, um percurso, uma manutenção. Observamos que alguns países que estão participando da implantação e uso obrigatório da regra ortográfica tem aí algumas dificuldades por conta dessas mudanças. Assim, vale a pena cada um de nós nos aprofundarmos, principalmente pensando nas relações entre profissionais de diferentes países e nos adaptarmos em relação a isso.

 

 

ML- O pai da publicidade, David Ogilvy, afirmou: “Comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende”. Como tornar a comunicação mais eficaz?

MC- Para ser um comunicador eficaz deve-se levantar alguns pontos fundamentais: 1º) Conheça seu público-alvo, quem é seu interlocutor. Isso pode estar relacionado tanto na comunicação oral quanto na escrita. 2º) Utilize o vocabulário adequado. Na comunicação oral – atenção para a voz – já que ela é a nossa imagem sonora, e a dicção – que está relacionada com a pronúncia e o entendimento. Se você dialoga com profissionais de outras regiões, de outros países, é preciso apropriar-se da língua utilizada – por exemplo, a parte de fonética e de pronúncia, pois tanto para entender como ser entendido, é necessário fazer algumas adaptações. Há alguns estudos interessantes relacionados com o sotaque e o regionalismo. Mantemos ou não? Se você é de uma outra região e percebe que o sotaque e o regionalismo estão interferindo na transmissão das informações, o ideal é amenizar. No entanto, eu sou adepta das pessoas manterem. É importante lembrar que nós só sabemos se somos comunicadores eficazes na ação do outro. 3º) Ordene didaticamente a informação com início, meio e fim. Isso também facilita para tornar a comunicação mais objetiva, clara e concisa. 4º) Cuidado com a expressão corporal – que é um dado, um aspecto bem importante no relacionamento pessoal e interpessoal. É a expressão corporal, os gestos representativos, a expressão facial, o sorriso e o olhar, que são bem importantes numa tratativa, num negócio, na apresentação de um trabalho, por exemplo. 5º) Saiba ouvir. Muitas vezes, estamos tão preocupados em fornecer a resposta adequada que não prestamos atenção no que o outro diz. Saber aproveitar o que o outro diz a nosso favor também é um aspecto importante para se tornar um comunicador eficaz.

 

 

ML- Em termos de informação, as redes sociais não transmitem grande credibilidade quanto ao seu conteúdo. Isto parece ainda pertencer às mídias tradicionais – jornal, revista, rádio e TV. Dá para ser levado a sério nas redes utilizando-se de uma comunicação espontânea?

MC- Nos últimos anos eu tenho me dedicado a essa temática. Acredito que quanto mais a pessoa for espontânea na sua fala e na sua escrita, mais desenvolverá um relacionamento eficaz. Mas é lógico, sempre mantendo as regras ortográficas que são necessárias e o uso dos recursos linguísticos apropriados para facilitar o entendimento. O que é necessário pensar é que nas mídias sociais, no geral, as pessoas acabam ficando mais envolvidas com as imagens. Imagem também faz parte da comunicação. Então, todo cuidado também deve estar relacionado com as questões do que você divulga. Ser espontâneo não é tirar uma foto em qualquer lugar e ter uma postura inadequada. Porque tem a relação do que você é enquanto pessoa e isso vai impactar no seu lado profissional. A ideia para manter uma comunicação espontânea é demonstrar qual seu perfil, a sua forma de ser, o seu propósito de vida, organizar e escolher adequadamente a imagem mais apropriada, o texto mais adequado… e lembrando que toda comunicação deve ser objetiva, clara e concisa.

 

 

ML – Em breve você estará em Portugal para ministrar os cursos de formação e capacitação em Fonoaudiologia Empresarial (Terapia da Fala Empresarial) e Comunicação Espontânea e Oratória Contemporânea. Conte-nos mais sobre os cursos e quais expectativas esperar deles?

MC- Os profissionais de Portugal estão bem animados, entrando em contato e perguntando sobre os cursos. Assim que recebi o convite pela empresa SeedGO-Consultoria e Formação e formalizamos uma parceria via a minha empresa Cop Consultoria – Brasil, começamos a fazer a divulgação. O primeiro curso é o de Fonoaudiologia Empresarial, que eu fiz uma “tropicalização”. Lá o fonoaudiólogo é chamado de terapeuta da fala, portanto, ficou Terapia da Fala Empresarial. O terapeuta da fala aprenderá como desenvolver habilidades e posturas de consultor, assessor e facilitador de treinamento através da metodologia que desenvolvi denominada Fonoaudiologia Empresarial. Abordarei também uma técnica que ao longo dos anos implementei – a Personal Communication Trainer, que é a possibilidade que temos de auxiliar profissionais de vários segmentos a desenvolverem uma performance comunicacional adequada, tanto oral quanto escrita. O outro curso está ligado ao trabalho que venho realizando nos últimos quinze anos no Brasil com a área jurídica – a comunicação como ferramenta estratégica do operador do Direito. Principalmente nos momentos de uma argumentação, de uma sustentação oral, em audiências, apresentações de serviços aos seus clientes, saber como se posicionar frente a situações e cenários diferenciados, como desenvolver o trabalho de mediação e negociação e como fornecer entrevistas nas mídias.